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Imagine um lugar onde o frio da serra é um convite para desacelerar a rotina, o aroma e o sabor do café se misturam ao puro das montanhas e cada curva da estrada revela paisagens inesquecíveis. Assim é a região de duas pequenas cidades do Sul de Minas: Delfim Moreira e Maria da Fé, que, juntas, somam pouco mais de 22 mil habitantes . Os municípios parceiros colaboram muito mais do que a localização privilegiada, no coração do lado mineiro da Serra da Mantiqueira. Eles dividem o mesmo charme do clima serrano, a hospitalidade do povo mineiro, além de uma forte vocação para o turismo de experiência, rural, gastronômico e de natureza.

Ambas situadas a mais de 1,2 mil metros de altitude, oferecendo temperaturas amenas no verão e invernos rigorosos, que por vezes surpreendem. O relevo montanhoso, a paisagem verde, as cachoeiras e as trilhas convidam à contemplação e à aventura. Por isso, cada vez mais turistas escolhem incluir duas cidades em um mesmo roteiro, aproveitando os pouco mais de 40 quilômetros que as separam para viver experiências autênticas, cheias de histórias e belezas naturais.

Tranquilidade e natureza abundante

Com suas montanhas imponentes, clima ameno e tranquilidade, Delfim Moreira se revela um destino perfeito para quem busca conexão com a natureza. Muito além das paisagens, a cidade atraiu novos moradores e empreendedores que escolheram esse refúgio mineiro para uma vida mais leve e sustentável. É justamente esta transformação que alimenta o turismo local com vivências enriquecedoras e únicas.

Um exemplo é o Espaço Satiri, idealizado por um casal de Curitiba (PR), que trocou a correria de uma metrópole pelo sossego das montanhas. A propriedade é um convite ao silêncio e ao reencontro interior, com trilhas em meio à Mata Atlântica, práticas de meditação e experiências de autoconhecimento em plena natureza selvagem. Sem sinal de celular e com uma programação voltada para a contemplação, o espaço proporciona momentos de desconexão do mundo externo para quem deseja pausar e respirar.

Espaço Satiri foi idealizado por um casal de Curitiba (PR). Crédito: Luciana Trindade

Na trilha das belezas naturais, a Fazenda Boa Esperança é outro destaque no município. Localizada a 1,5 mil metros de altitude, a fazenda abriga 211 hectares de Mata Atlântica preservada, com sete cachoeiras de o exclusivo, trilhas para trekking, sauna a lenha e uma piscina aquecida à beira do rio. A experiência fica ainda mais completa com a comida da roça, servida em um restaurante rústico e acolhedor, e com as opções de hospedagem externas para quem deseja mergulhar na vida simples da serra.

Fazenda Boa Esperança abriga 211 hectares de Mata Atlântica preservada. Crédito: Luciana Trindade

E é no meio desse cenário que um artista corporal de São Paulo, com laços familiares na região, encontrou em Delfim Moreira o lugar ideal para viver e empreender. Depois de ganhar de presente uma cabritinha de um vizinho, nasceu a ideia de que daria origem ao Capril da Serra, na Fazenda Paineiras. Hoje, com 21 cabras leiteiras, produzindo cerca de 20 litros por dia, propriedade fabrica queijos com receitas autorais, feitos artesanalmente. A visita turística inclui conhecer os animais, acompanhar o manejo do leite e participar da produção dos queijos. O eio é fechado com um almoço orgânico servido à mesa na residência dos proprietários, preparado com ingredientes frescos da horta local.

Capril da Serra tem 21 cabras leiteiras produzindo cerca de 20 litros por dia. Crédito: Luciana Trindade

Baixas temperaturas e altitude que favorecem a olivicultura

Com seu clima ameno e altitude elevada, Maria da Fé se tornou um território fértil para as oliveiras. Localizada a 1.258 metros de altitude, a cidade, que se auto-denomina a mais fria de Minas Gerais, guarda a história por trás da olivicultura brasileira: as primeiras mudas de oliveira chegaram em 1935, pelas mãos de um casal de imigrantes portugueses, que viu nas montanhas da Serra da Mantiqueira o cenário ideal para recomeçar a vida e, sem saber, iniciar um novo capítulo na agricultura brasileira.

As plantas, acostumadas aos frios intensos da Europa, encontraram na altitude da pequena cidade de pouco mais de 14 mil habitantes, o equilíbrio necessário para florescer. E assim, mesmo sem longos períodos de frio rigorosos, as oliveiras se adaptaram ao clima local e fizeram da localidade uma referência nacional na produção de azeites extravirgens.

Esse potencial foi reconhecido por pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que estabeleceram na cidade o Campo Experimental de Maria da Fé, pioneiro no país em estudos com olivicultura. Os primeiros testes com oliveiras ocorreram ainda em 1947 e, em 2008, o Brasil realizou sua primeira proteção oficial de azeite, com 40 mil litros.

Azeites se tornaram uma especialidade dos produtores de Maria da Fé. Crédito: Luciana Trindade

Desde então, o campo experimental se consolidou como um centro de excelência em olivicultura. “A Epamig oferece orientações técnicas, análises laboratoriais e apoio aos olivicultores de toda a Serra da Mantiqueira, que hoje reúne cerca de 80 municípios, num total de 200 produtores que, juntos, são responsáveis ​​por, aproximadamente, 90 marcas de azeites extravirgens sul-mineiros”, afirma o pesquisador da Epamig Pedro Moura.

Experiências além do consumo de azeite

A produção de azeites de qualidade também permite que Maria da Fé experimente experiências turísticas únicas. A Fazenda Maria da Fé, situada a 1,5 mil metros de altitude, é um exemplo disso. Reconhecida internacionalmente, a propriedade já recebeu prêmios como o Gran Prestígio Oro de Mendoza, na Argentina, e a Medalha de Prata no Olio Nouvo Days, em Paris. Durante as visitas guiadas, os turistas conhecem os olivais, o lagar e participam de uma experiência sensorial para aprender a importância das nuances do azeite extravirgem. No armazém da fazenda, é possível adquirir azeites premiados, doces de leite e cafés especiais, produzidos no local. Nos feriados e períodos de férias, o restaurante da fazenda também é aberto ao público, com alimentos ocasionalmente servidos com azeite fresco, vegetais orgânicos e temperos colhidos na própria horta.

A Fazenda Santa Helena, liderada pela olivicultora Rosana Chiavassa, e produtora do premiado azeite Monasto, é outro destino imperdível. Apaixonada pelas plantas e suas sutilezas, Rosana implementou musicoterapia nos olivais: cerca de 70 caixas de som espalhadas pelo terreno tocam músicas clássicas, eruditas, gregorianas e barrocas. Acreditando que a música influencia positivamente no desenvolvimento das oliveiras, ela colhe os frutos dessa inovação: sua produção mais que dobrou, permitindo duas colheitas por ano, em dezembro e fevereiro – algo inédito, já que o ciclo tradicional da olivicultura é de janeiro a março.

O azeite Monasto acumula oito medalhas em premiações internacionais, incluindo o World Ranking Azeites Virgens Extra e o Prémio Planeta Campo. Quem visita a propriedade ainda aproveita uma experiência gastronômica singular. O menu exclusivo, servido em quatro os, foi cuidadosamente elaborado para evidenciar todas as nuances do azeite Monasto, presente desde a entrada até a sobremesa. Cada prato é pensado para harmonizar com o perfil sensorial do azeite, ressaltando sua complexidade, frescor e características.

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Fazenda Santa Helena recebeu várias premiações internacionais. Crédito: Luciana Trindade

Na mesma sintonia com a terra, o Olival de Quelemém aposta em uma proposta ainda mais conectada com o universo: a agricultura biodinâmica que, além de vetar agroquímicos, segue um calendário agrícola baseado nas fases da lua, nas posições dos planetas e nos signos do zodíaco. A filosofia busca fortalecer a vida do solo e o sistema radicular das plantas, promovendo saúde e equilíbrio ao ambiente. A visita inclui eio pelos olivais, amostragem dos azeites e, ainda, uma parada nas estufas de frutas vermelhas, outra cultura que se adapta bem ao clima de altitude. Ao fim do dia, o pôr do sol sela a experiência.

Essa prática biodinâmica se estende até o mesmo ao vizinho Delfim Moreira, na propriedade da família Yamaguti. O Olival Verde Oliva, liderado por Luiz Yamaguti, é a primeira fazenda do Brasil a receber o selo Demeter, reconhecimento internacional da produção biodinâmica. No local, é produzido o Primeiro Azeite Extravirgem Biodinâmico Brasileiro. Durante a visita, os turistas podem conhecer o lagar próprio da fazenda, caminhar entre os olivais e participar de uma explicação interativa sobre os princípios da agricultura biodinâmica, além de degustar os azeites frescos colhidos em sintonia com os astros.

Verde Oliva, de Luiz Yamaguti, é a primeira fazenda do Brasil a receber o selo Demeter. Crédito: Luciana Trindade

Artesanato criativo e sustentável

Em Maria da Fé, além da olivicultura, o artesanato que carrega identidade, memória e sustentabilidade, vem desempenhando papel essencial no fortalecimento da economia e no desenvolvimento do turismo da cidade. A Cooperativa Mariense de Artesanato, conhecida como Gente de Fibra, é um exemplo.

Criada paralelamente ao Projeto de Desenvolvimento do Turismo Rural, uma iniciativa fruto da parceria entre a Prefeitura de Maria da Fé e o Sebrae Minas, a cooperativa se tornou referência regional e nacional na criação de peças decorativas e utilitárias feitas com papel machê e fibra de bananeira, que seriam descartadas, após a colheita da banana. Cada objeto produzido carrega beleza, preocupação ambiental e valorização dos saberes locais. Mandalas, vasos e esculturas são criados com formas que remetem à Igreja Matriz Nossa Senhora de Lourdes, às oliveiras e aos elementos naturais que compõem o cenário encantador da cidade. As peças do Gente de Fibra são vendidas na sede da cooperativa e pela internet.

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Gente de Fibra reúne artesãs especializadas na produção de peças de fibra. Crédito: Luciana Trindade

Desenvolvimento do turismo regional

A rota integrada, que os municípios Delfim Moreira e Maria da Fé, vem ganhando força com o apoio do Sebrae Minas que, nos últimos anos, desenvolve um trabalho contínuo e estratégico na região para promover e estruturar o turismo local. Por meio de mapeamento de atração turística e gastronômica, criação de catálogos de experiências e marcas turísticas, e apoio direto aos pequenos negócios da cadeia do turismo e da gastronomia, a entidade tem ajudado a transformar o potencial dessas cidades.

“O Sebrae é mais do que um parceiro. Sozinhos, somos muito pequenos, não dispomos de equipe técnica nem de fôlego para vencer toda a burocracia. Conseguimos desburocratizar contratações e, acima de tudo, ter qualidade do produto que recebemos. Com esse apoio, conseguir receber cada visitante de forma profissional e acolhedora”, avalia a vice-prefeita de Delfim Moreira, Edmeia Alkmin.

“O apoio do Sebrae Minas foi um divisor de águas para o nosso negócio. Recebemos consultoria financeira, que reorganizou as contas e ajudou a enxergar oportunidades de melhorar a gestão, resultando em mais lucratividade. Além disso, a consultoria gastronômica foi fundamental para valorizar ainda mais os nossos azeites. A partir desse trabalho, criamos um prato exclusivo, pensado para encantar os turistas e destacar o que temos de melhor: a qualidade dos ingredientes produzidos aqui na fazenda”, ressalta a proprietária da Fazenda Maria da Fé, Mirta Bonifácio.

A analista do Sebrae Minas Andresa Cristina Paes destaca que esse trabalho valoriza as culturas locais, fortalece a economia e atrai turistas em busca de experiências autênticas e enriquecedoras.

“Por meio de programas, como o Prepara Gastronomia, o Sebrae Minas tem ofertado consultorias especializadas, capacitação aos empreendedores e estruturado festivais gastronômicos para dar visibilidade e trazer mais turistas para as duas cidades. Também damos e na criação e promoção de canais digitais de comunicação que, além de divulgação, contribuem para a atração de investimentos para a região”, ressalta.

Assessoria de Imprensa Sebrae Minas| Regional Sul

Luciana Trindade – (Stark)

(35) 98863-8589

[email protected]

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